quinta-feira, 26 de julho de 2012

A orfandade das palavras



A palavra não nasce à toa, simplesmente para existir.
A palavra tem propósito, tem função, tem razão de ser.
A palavra encanta ou desencanta.
Algumas vezes é leve como uma pluma, uma folha ao vento, noutras é âncora, bigorna.
A palavra torna doce ou amargo.
Algumas vezes amolece um coração, noutras é a navalha que corta.
A palavra felicita ou entristece.
Algumas vezes vem nas festas, noutras no desespero.
A palavra une ou separa.
Algumas vezes vem nas pazes, noutras nas distâncias.

Quando proferida, solicita ser ouvida,
quando escrita, necessita ser lida.
De nada adianta ficar órfã.
A palavra precisa fazer sentido,
mesmo nas loucuras de quem as joga no mundo.
A palavra tem que ser sentida na mais fiel das emoções.
A palavra pode esclarecer, brigar, resolver, xingar, amar, cantar, 
mas acima de tudo ela vem conhecer, explicar.
A palavra aproxima e distancía, depende do que você prefere,
mas nunca é colocada sem propósito.

Quando a palavra chega até você é para ter seu colo,
seu ombro, seu choro, seu sorriso.
Quando a palavra chega até você, ela quer ser compreendida,
quer receber a atenção que ela merece.
Quando a palavra chega até você, ela quer retorno, qualquer que seja,
mas ela precisa saber que você a viu, leu, ouviu, sentiu, cantou.
Quando a palavra chega até você, ela quer seu coração,
pois é lá que será o melhor lugar para definir o que fazer com ela.

Silvia Mara





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