quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A MINHA BÚSSOLA




“PODE CONTAR COMIGO SEMPRE! TE AMO!”

É assim que ela fala comigo desde que eu nasci...

Ela é meu porto seguro, meu casulo, minha toca, meu ninho, minha proteção quando o mundo decide virar de cabeça para baixo.

Ela é minha estrela, minha bússola, minha lanterna quando tudo parece escuro e não sei por onde seguir.

Ela é doce com as palavras e generosa com o coração. Ela tem o poder de me curar com um abraço. Ela tem o dom de entrar na minha alma mesmo que eu esteja calada.

Ela me ouve com atenção. Ela escuta palavras que eu não disse. Ela conhece minha alma. Ela me abraça com os olhos.

Ela tem paciência com meus erros, enaltece meus acertos, me segura nas minhas quedas e vibra com as minhas vitórias.

Ela tem o olhar da bondade. Bondade com alguém que tanto erra, mas que ela sabe que luta para acertar.

Ela busca o melhor sempre. Ela cresce a cada dia. Ela evolui com uma rapidez estonteante.

Ela ouvia disquinhos de fábulas infantis comigo. Lia os livros e gibis para uma caçula que ainda não dominava o encontro das letras. Ela me assustava com suas brincadeiras. Ela me levava nos seus programas de gente mais velha, mesmo não sendo obrigada a fazê-lo.

Ela ria comigo na hora de dormir enquanto o sono não nos alcançava. Ela comia minha comida, me emprestava seus brinquedos, me levava na garupa da bicicleta e da mobilete.

Ela me fazia sentir segura na escola. Ela acobertava minhas traquinagens, me ajudava com o dever de casa, fazia desenhos coloridos.

Ela tomava conta de mim no ônibus, nadava comigo, comia queijo com banana na lanchonete, tomava milk shake de morango.

Ela me enrolava nos jogos de cartas, me emprestava suas roupas e seus sapatos, me ensinava a desenhar.

Ela era a companhia perfeita nas férias que duravam um trimestre. Banho de mar e banho de rio. Picolés de coco, amendoim, abacate, milho verde, manga, tudo antes e depois do almoço. Bailes de carnaval, matinês fantasiadas, blocos uniformizados, mascarados irreconhecíveis. Dormir na praça porque o acabou o ônibus. Queimado, pique-bandeira, vôlei, pique-esconde, taco, gincanas. Disco de carnaval na vitrola dia e noite. Banho de balde. Forró escondido no Bar do Ronaldo. Papo intermináveis sentadas no muro de casa... sempre foi assim.

Hoje em dia sentamos e tomamos um café. Normalmente ela me compra um pão de queijo, talvez para me dar mais força e coragem para falar. No meio do aroma inebriante do café compartilhamos nossos segredos, nossas alegrias e desventuras. Ela me ouve sem julgar. Ela me dá o colo do meu tamanho.

ELA é minha irmã! A melhor irmã que alguém pode ter!

Que sua vida seja iluminada como você! Que a felicidade seja incansável em te alcançar! Que seus dias sejam repletos de amor! Que seus pensamentos sejam de paz! Que seus sonhos sejam realizados a cada dia! Que Deus te proteja e te mantenha perto de mim!

Eu te amo muito mais que muitão!

Obrigada por ser minha irmã!

FELIZ ANIVERSÁRIO!!!

Para Sheley, minha irmã!

Vivinha


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pensando...





"Estarei contando isto com um suspiro
Em algum lugar daqui a muitas eras:
Duas estradas se bifurcavam numa floresta, e eu -
Eu escolhi a estrada menos percorrida,
E isso fez toda a diferença."

Robert Frost
The Road Not Taken

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A ausência necessária...

A ausência muitas vezes se faz necessária. Precisamos arrumar a casa, limpar os cantos, tirar teias que insistem em aparecer e permanecer. Buscamos uma arrumação perfeita, sem lembrar que “trabalho de casa não rende”. Quando você acaba, logo tem outro a fazer...

A vida é um trabalho de casa. Precisamos arrumá-la todo o tempo, mas devemos fazê-lo sem paranóias, neuras, transtornos obsessivos compulsivos... é a grande dificuldade do ser humano. Como já citei inúmeras vezes, o imprevisível é um fiel companheiro de viagem, não nos abandona nunca, tornando nosso caminho mais luminoso, mas muito sombrio às vezes.

A deliciosa prática da escrita que exorciza, acalenta, desabafa decidiu dar um tempo. Fiquei perdida, beirando o medo de ter perdido meu mais poderoso instrumento de catarse. Enfiei minha mente nos livros, outro poderoso instrumento, e aprendi com Isabel Allende, que disse que aprendeu com Ann Lamott, que muitas vezes o poço fica vazio, basta enchê-lo novamente. Sendo assim, resolvi afogar meu poço. Ainda não o enchi, mas me permite rabiscar essas linhas tortas.

Viajar é um grande aliado e podemos fazê-lo de inúmeras formas. Estive com uma família chilena, participando de suas aventuras, desventuras, festas, confissões, perdas de entes queridos, nascimentos. Conheci todos juntos nas alegrias e tristezas. Coisas que só um clã sabe fazer.

Viajei para uma Cabana, onde tinha um encontro marcado com o divino. Fortaleci minha fé, restaurei buracos, abri meu coração, compreendi as muitas amarguras que assolam nossas vidas e saí de lá mais humana e ao mesmo tempo fazendo parte do universo.

Vivenciei um drama pessoal de outra pessoa em Nova York para depois conhecer o prazer na Itália. Acreditava que aprender a falar italiano pelo simples prazer de fazê-lo seria um sonho só meu, mas descobri que estava equivocada. Passear pelas ruas de Roma, Bologna, Nápoles, Veneza, Sicília, Florença, Sardenha, Calábria encheu-me de energia e preencheu bastante meu poço. O paladar é um sentido muito aguçado em mim, satisfazê-lo na Itália é tudo que um estômago glutão deseja. E o país com forma de bota sabe enaltecer sabores com suas trattorias, gelatos, pratos de sabores impensáveis. O bel far niente dos italianos deixa-nos livres da culpa por sermos ocidentais.

Estive na Índia pela segunda vez. Na primeira vi mais o povo indiano, na segunda me limitei a permanecer no ashram, buscando o equilíbrio que só a meditação sabe oferecer.

Estudar com um xamã na Indonésia fez com que entendesse a simplicidade. Bali tem o poder de devolver seu amor por você mesmo. Lembrei mais uma vez que faço parte do universo.

No meio disso tudo procuro a Felicidade Clandestina com a Clarice, que realmente nos torna felizes com suas linhas exuberantes e metafóricas.

Adoraria que essa viagem me solicitasse visto, deixasse meu passaporte mais tatuado, e até que eu gastasse muitos dólares, euros, rúpias, mas aconteceu em meio a páginas, coisas que só um livro é capaz de fazer. Mas minha viagem não acabou. Não acaba nunca.

Depois eu volto, quando o poço estiver cheio.


Silvia Mara