quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Pluma e Navalha



A rua cheia não o fazia sentir-se menos solitário. Andava sem rumo recordando as palavras, sem se dar conta dos que passavam esbarrando, empurrando.
Parou para um café, só o amargo doce seria capaz de equilibrar seu espírito.
Tentar entender o que se passa na cabeça de outra pessoa não torna as coisas mais fáceis, mas ele tentou mesmo assim.
Sentimentos dúbios tomaram conta dele. O café não fez efeito.
Pensou na trajetória até ali e não compreendeu. Tinha feito o seu melhor, seria errado esperar o mesmo? Percebeu que sim...
Queria gritar, uivar de raiva, quebrar tudo à sua frente, mas de que adiantaria? A sensação de vazio permaneceria.
Olhou para o céu e a lua sorria pra ele, parecia uma ironia do universo. Tanta beleza iluminando as ruas, as almas, e sua própria alma encontrava-se escura como breu.
Voltou à caminhada esperando que o vento levasse seus mais sombrios sentimentos, de forma que seu coração esvaziasse, ficasse leve.
Suportou verdades cortantes que decidiu digerir, mas a mentira escancarada chegada como pluma fez um enorme estrago. Tinha a impressão de estar afogando-se num mar de lodo.

Silvia Mara

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