A rua cheia
não o fazia sentir-se menos solitário. Andava sem rumo recordando as palavras, sem
se dar conta dos que passavam esbarrando, empurrando.
Parou para
um café, só o amargo doce seria capaz de equilibrar seu espírito.
Tentar entender
o que se passa na cabeça de outra pessoa não torna as coisas mais fáceis, mas
ele tentou mesmo assim.
Sentimentos
dúbios tomaram conta dele. O café não fez efeito.
Pensou na
trajetória até ali e não compreendeu. Tinha feito o seu melhor, seria errado
esperar o mesmo? Percebeu que sim...
Queria gritar,
uivar de raiva, quebrar tudo à sua frente, mas de que adiantaria? A sensação de
vazio permaneceria.
Olhou para
o céu e a lua sorria pra ele, parecia uma ironia do universo. Tanta beleza
iluminando as ruas, as almas, e sua própria alma encontrava-se escura como
breu.
Voltou à
caminhada esperando que o vento levasse seus mais sombrios sentimentos, de
forma que seu coração esvaziasse, ficasse leve.
Suportou
verdades cortantes que decidiu digerir, mas a mentira escancarada chegada como
pluma fez um enorme estrago. Tinha a impressão de estar afogando-se num mar de
lodo.
Silvia Mara
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