domingo, 25 de janeiro de 2009

A descoberta





Quando se viu, percebeu que já tinha chegado.
Não sabia onde, nem porque estava ali, mas sabia que havia chegado
no seu lugar.
Tudo à sua volta parecia familiar, ainda que fosse sua estréia. Conseguia descobrir cada detalhe sem esforço, cada espaço lhe dizia para que servia. Era como se nunca tivesse saído dali. Mas como? Nunca estivera lá...

Sempre foi intensa. Amou demais, sentiu demais. Demais nem sempre é “em excesso”.
Suas emoções são sempre em demasia e é por isso que é tão feliz. As emoções transbordantes são partes de sua alma. Não existe como alguém morno. Tem veemência no que sente.

Sua essência é cheia de substância. Perfumes, trilhas sonoras, melodias, cheiros, sabores, gostos, dos doces aos ácidos, algo agridoce que inebria sua mente. Gosto de menta pela manhã, gosto de café depois de amar, gosto de chocolate à noite...e a música, intensa, vibrante, calma e serena, daquelas que te sacodem a noite inteira e te fazem adormecer no colo, como se fosse uma canção de ninar no seio materno, tum-tum, tum-tum...é o coração da genitora conduzindo ao sono.

Seus sentimentos são mais equilibrados. Mas isso é hoje, antes não eram assim. Eram como pólvora, agora são como um sundae de chocolate, deliciosos de serem saboreados. Ciúmes, só dela mesma. Ama-se tanto que não se permite dividir a atenção com o que não acrescenta. Amor, saudade, carinho, fome, sede, tudo equilibrado, nem por isso, menos intenso. Sem esquecer, ela não é morna... ela existe forte.

Sua existência a fez perceber que é a atriz principal. Merece esse papel no filme. Não vai se contentar em fazer parte de um making off, cenas extras, coisas que não fazem falta...Não!!! Ela está no menu principal, seu nome vem em letras garrafais, antes de qualquer outro. Ela escreve sua história.

Sua verdade a permite viver de forma plena, encontrando aos poucos seu rumo, seu norte. Ela percebeu que era a hora certa. Seu relógio não marcava hora nenhuma, apenas dizia em tons brilhantes que seu momento chegara.

Crescer, evoluir, alcançar, melhorar...era isso que ela estava fazendo ali, agora sabia. E agradeceu. Olhou para o céu, viu que ele tinha matizes incandescentes, cores que ela jamais tinha percebido que existiam. Mas como eram lindas!!! Sorriu um sorriso só dela, entendeu e agradeceu novamente...

Silvia Mara

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