segunda-feira, 30 de julho de 2012

Bom mesmo...




Bom mesmo é olhar pro sol, no alto do céu, pensar que vai ficar cego e ver estrelinhas no horizonte.

Bom mesmo é pisar na areia quente, pensar que vai queimar o pé e sentir alívio no mar gelado.

Bom mesmo é rir até doer a barriga, pensar que vai acabar a graça e começar a rir de novo.

Bom mesmo é amar até secar a garganta, pensar que acabou o fôlego e ver o olhar pedindo mais.

Bom mesmo é brincar na chuva, pensar que vai morrer de frio e tomar chocolate quente.

Bom mesmo é correr desenfreadamente, pensar que o coração vai sair pela boca e beber cerveja gelada.

Bom mesmo é dançar de salto a noite inteira, pensar que vai ficar sem os dedos e tirar o sapato na grama molhada.

Bom mesmo é o coração pular no peito quando vemos aquela pessoa, pensar que o ar vai faltar e ganhar o tão esperado beijo.

Bom mesmo é amar, sentir, voar, cantar, pensar que a vida passou e descobrir que ainda tem tempo pra viver.

Silvia Mara

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A orfandade das palavras



A palavra não nasce à toa, simplesmente para existir.
A palavra tem propósito, tem função, tem razão de ser.
A palavra encanta ou desencanta.
Algumas vezes é leve como uma pluma, uma folha ao vento, noutras é âncora, bigorna.
A palavra torna doce ou amargo.
Algumas vezes amolece um coração, noutras é a navalha que corta.
A palavra felicita ou entristece.
Algumas vezes vem nas festas, noutras no desespero.
A palavra une ou separa.
Algumas vezes vem nas pazes, noutras nas distâncias.

Quando proferida, solicita ser ouvida,
quando escrita, necessita ser lida.
De nada adianta ficar órfã.
A palavra precisa fazer sentido,
mesmo nas loucuras de quem as joga no mundo.
A palavra tem que ser sentida na mais fiel das emoções.
A palavra pode esclarecer, brigar, resolver, xingar, amar, cantar, 
mas acima de tudo ela vem conhecer, explicar.
A palavra aproxima e distancía, depende do que você prefere,
mas nunca é colocada sem propósito.

Quando a palavra chega até você é para ter seu colo,
seu ombro, seu choro, seu sorriso.
Quando a palavra chega até você, ela quer ser compreendida,
quer receber a atenção que ela merece.
Quando a palavra chega até você, ela quer retorno, qualquer que seja,
mas ela precisa saber que você a viu, leu, ouviu, sentiu, cantou.
Quando a palavra chega até você, ela quer seu coração,
pois é lá que será o melhor lugar para definir o que fazer com ela.

Silvia Mara





quarta-feira, 25 de julho de 2012

Amados Magos





E hoje é DIA DO ESCRITOR!!!

Parabéns aos magos que me fazem viajar sem sair de casa, levando-me ao encontro do desconhecido, do inesperado, do amor, da aventura, das mais incríveis e intensas emoções!
O mundo seria triste sem suas mágicas misturas de letras!

Silvia Mara

terça-feira, 24 de julho de 2012

Alma Nua



E então resolveu despir a alma.
Tirou de si tudo que pudesse obstruir a visão
permitiu que vissem o que ia lá no fundo,
sem subterfúgios,
sem melindres,
sem medo.

E então tirou a alma pra lavar.
Descobriu uma nudez tranquila,
sem constrangimentos,
sem vergonha,
sem medo.

E então as verdades aparecem,
os sentimentos fluem,
as palavras saem,
o peso desaparece,
e a alma agradece.

Silvia Mara
 


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Cacos de vidro




Cada passo tem que ser medido, calculado.
Ela tem medo, o chão está coberto de cacos de vidro.
Ainda que tenham varrido, sempre ficam vestígios,
caquinhos que não se vão.
Só a vassoura não dá conta, será preciso uma intensa e demorada limpeza...

Silvia Mara

quinta-feira, 12 de julho de 2012

A Dúvida...


Em meio ao temporal, o guarda chuva foi oferecido.
Será que suportará o aguaceiro que encharca a alma e afoga o coração?
Será que suportará o vento da tempestade?
Só o tempo dirá...

Silvia Mara

terça-feira, 10 de julho de 2012

O Grande Equívoco



Ele saiu acreditando que a festa era lá fora.
Nunca percebeu que a música tocava era lá dentro.
Ela esperou.
Ele não voltou.
E ela dançou até o amanhecer.

Silvia Mara



E porque quando ele chegou ela já tinha partido, eles nem se conheceram, nem se viram, nem se tocaram com os olhos.
E mais um amor se perdeu...


Ser feliz pode ser uma decisão...



"Vida é o que existe entre o nascimento e a morte. O que acontece no meio é o que importa.
No meio, a gente descobre que sexo sem amor também vale a pena, mas é ginástica, não tem transcendência nenhuma. Que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma ideia) foi perda de tempo.
Que a primeira metade da vida é muito boa, mas da metade pro fim pode ser ainda melhor, se a gente aprendeu alguma coisa com os tropeços lá do início. Que o pensamento é uma aventura sem igual. Que é preciso abrir a nossa caixa preta de vez em quando, apesar do medo do que vamos encontrar lá dentro. Que maduro é aquele que mata no peito as vertigens e os espantos.
No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato. Que amar é lapidação, e não destruição. Que certos riscos compensam – o difícil é saber previamente quais. Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa.
Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso. Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante. Que Veneza, Mykonos, Bali e Patagônia são lugares excitantes, mas que incrível mesmo é se sentir feliz dentro da própria casa. Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão. Quase? Ora, é sempre mais forte.
No meio, a gente descobre que reconhecer um problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Que é muito narcisista ficar se consumindo consigo próprio. Que todas as escolhas geram dúvida, todas. Que depois de lutar pelo direito de ser diferente, chega a bendita hora de se permitir a indiferença.
Que adultos se divertem muito mais do que os adolescentes. Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte – mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.
No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos. Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável. Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem (escrever, por exemplo).
Que tocar na dor do outro exige delicadeza. Que ser feliz pode ser uma decisão, não apenas uma contingência. Que não é preciso se estressar tanto em busca do orgasmo, há outras coisas que também levam ao clímax: um poema, um gol, um show, um beijo.
No meio, a gente descobre que fazer a coisa certa é sempre um ato revolucionário. Que é mais produtivo agir do que reagir. Que a vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue. Que a pior maneira de avaliar a si mesmo é se comparando com os demais. Que a verdadeira paz é aquela que nasce da verdade. E que harmonizar o que pensamos, sentimos e fazemos é um desafio que leva uma vida toda, esse meio todo.
Martha Medeiros (04/12/11)